sábado, 27 de fevereiro de 2010

Olho para as núvens procurando fuga. Fugir dos meus pensamentos, fugir das minhas definições de quem eu sou, do que penso. Não sei o que sou e não sei o que quero ser.


Baixo meu olhar, procurando não ver os rostos pelas ruas. Não quero encontrar caras, outros olhos. Quero encontrar o eu, ou mesmo matá-lo. O que quero não sei.


Meus olhos choram. Minh'alma morre. Eu me entristeço. Penso que estou só. Ouço o vento movendo as folhas, sento no quintal. Sinto meu pé no chão. A terra tá quente, as plantas (roseiras de minha mãe) estão murchas... Não sei se tão murchas quanto meu coração; não sei se tão caídas como meu semblante.


Os ruídos chegam. A inspiração quer ir embora. O amor quer me faltar. As esperanças e sorriso, também.


Quem sou, quem fui eu, quem serei... Indagações que só Deus sabe respoder. A escolha é minha.


A prosa, o verso não criam forma. A gramática some e a boa ortografia me desafia. A emoção me deixa e fico como mata no sertão seco.


Um buraco no peito, um frio no estômago. Queria que minha mente fosse como um balão, afinal, seria bem fácil explodí-la, ou mesmo desatar a boca. Mas não é.


Então o remédio é a busca da paz, no aconchego do colo, da presença nas letras, da caneta na folha, em mim...


Quanto mais me escondo de mim, mais me encontro.


Covarde! Eis o que sou!


Um covarde, um rascunho de um texto numa folha amassada...


Uma vida tentando escrever-se em linhas...