sábado, 27 de novembro de 2010

A TV me faz ver

Tem bala rasgando a rua
Tem fogo torrando o busão
Bandido correndo com perna ferida
mas o rifle continua na mão

Do morro fogem em corrida
Cenas de um vaticínio documentário
"Nego" arrastado pelo parceiro
- Não vai deixar o "mano" ser otário!

Mas os "invocado" não são "besta"
"Tão" recuando, mas voltar eles vão
Tem playboy querendo bagulho extra
Esses dias "atrapalhou" a produção

"Corre, corre porque resolve!
Acuado nós já tamo, anda logo, porra!"
"Mas matar eles num pode
Tamos ao vivo no jornal
Eles num quer que nós morra!"

E "vamo" pedir pro Rio paz
Afinal a Copa tá chegando
Se isso é guerra, de verdade, quem a faz?
Pena que os civis não "tão" exergando

Estado versus Crime Organizado
O que será que tá em jogo?
É mesmo o fim  dos meninos marginalizados,
Ou é a troca dos donos do "bolo"?

E muitos "funk" nesses dias vão nascer
Pras "potrancas" a bunda balançar
Lençois em branco encardido irão erguer
Pras "polícia" os "manolos" não matar

Ignácio

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Falando de nada....

Os poetas sempre têm muito a falar. E falam tanto que até mesmo quando não têm nada para dizer, acabam dando início a uma construção do porquê da ausência, ou por que não dizer, da presença do nada.
Se eu fosse poeta, eu faria o mesmo!
Mas agora, os pernilongos picam meus pés, sugando meu sangue sofrido. Essa coceirinha que me causam, é de certa forma gostosa. Vou coçando, coçando... e o sono parece querer chegar...
Céleres muriçocas! Negras, pernas longas de top model, esbeltas e a cada geração maiores. Quando eu era mais infantil, sempre me lembravam o 14 Bis... Agora, todas vocês me lembram da famosa e por assim dizer, Dengue. E sei que é o primo de vocês o grande vilão, ou melhor, o escolhido para tal função. Mas quanta semelhança!
Sempre me deu muito prazer em jogar algum desses sprays inseticidas em vocês!
Na verdade, só é melhor matar baratas, mas em segundo plano, exterminar parte de vocês é uma delícia! Um ritual!
Minha fraca mente, no confronto id-ego, diz: “Como é, perder tempo falando de muriçoca?”
E eu respondo: “Se a Lispector falou de barata, por que eu não posso falar de vocês? (E olha que ela era mulher  e barata sempre é uma coisa mais nojentinha.)”
Sempre e em toda parte, talvez não no Itamaraty e nas mansões de gente mui besta, mas no resto das vidas, vocês sempre dão o ar de presença.
Como vocês não sabem ler, creio eu, vou parar por aqui, já que poeta não sou e do nada, nada sei.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Tudo seria mais simples se eu fosse mais simples
e não procurasse ver-te, conhecer-te além do véu, vida...
Tudo seria mais simples se eu não me castigasse nessas linhas.
E elas surgem do teu enigma e me amarram em teu rosto.
Tudo seria mais simples se não conhecesse em mim, a necessidade de conhecer o que não sei...
E se a minha sede pelo desconhecido não me deixasse mais eufórico e inutilmente preocupado,
seria mais um pardal que não anseia por ares mais altos.
 Como queria chegar a ter vontade de ser mais simples e não me perguntar tanto,
não me envolvendo nos meus lapsos e incógnitas, vivendo débil e tolamente.