quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Realidade vil... incomode-se. Faça algo!


Acabei de presenciar a prova do pouco caso que os humanos fazem por seus semelhantes. Um senhor em estado etílico que trazia consigo sua documentação e, em seu corpo marcas de uma vida sem carinho e aconchego de uma família, procurou a setor onde trabalho. Talvez ele seja de uma família destruída pelo vício no álcool; uma vida sem vida, sem perspectiva, sem futuro.

Sua pele não trazia somente as marcas de micoses causadas por um cotidiano sem higiene, mas revelava o interior dele... um íntimo machucado, maltratado e quem sabe prestes à destruição.

Mas o que eu, um rélis auxiliar administrativo, com minha mesa lotada de papel e alienação, e formulários mil poderia fazer por ele a não ser prestar atenção na sua expressão e indagar o que ele estava desejando, sentindo?( Afinal, a especialidade do meu setor não é essa -como disse, só papel).Foi o que fiz e, constatei que o pobre desamparado sentia dores no abdôme e fome. Ofereci-lhe água, café com pão melado de margarina. Ele apenas tomou a água e o café. Recorri ao hospital, chamei alguém para pegá-lo... Quando o motorista do carro chegou aqui, notei em seu olhar a frieza e o "tô pouco me lixando". E foi este olhar que me fez escrever hoje. O olhar do descaso e falta de compaixão pelas vidas.

O fim deste episódio será com certeza a liberação do hospital, após ele retornará a sua vida de álcool e abandono... E eu, o que posso fazer senão oferecer uma água?... O problema não será tratado em suas causas.

Temos a responsabilidade hoje como estudantes (digo isso não somente a quem é estudante) de ver os problemas, não se esquivar, passar a bola. Abandonar o narcisismo, o egoísmo besta, o comodismo. Cadê nossa preocupação com o próximo? Onde está a vontade de fazer o bem, de tomar a dor por um instante e tentar ajudar? Pelo menos tentar... Aliás o marketing do politicamnte correto, do verde amor e adoção, não deve somente estar presente na TV, tem gente precisando de tua atenção aí.

Eu quero ter em mim um espírito incomodado com essas causas. Quero sim perturbar a quem pode auxiliar, seja representante público, seja quem for... Quero que façam sua parte sem olhar que é fulano, o que ele faz. Bastando somente que eles façam sua parte com humanismo e misericórdia.

Raça de víboras hipócritas, aqui está meu grito!




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