terça-feira, 27 de julho de 2010

Esboço pedante

Eu sou um esboço,
Um esboço que não virou arte.
Eu sou um esboço,
Um esboço que perdeu a humildade
E tomou vida própria,
Mergulhou no seu ego
E desenhou-se, pintou-se, pregou-se...
Um esboço que rumou à sua própria sorte.

Sou obra que rebela-se contra seu dono,
Argila frenética que não se molda,
Sou o barro que quer ser porcelana,
Sou poema que recusa o poeta,
Dor que não aceita o eu-lírico,
A melodia que enfurece os ouvidos,
A pele que não aceita o arrepio.

Percebi que fui livreto esquecido.
Achei-me em solidão.
Encontrei vida em minhas páginas velhas,
Apaguei letras que não eram minhas,
Iventei um novo enredo,
Deletando o passado com um misto de dor e resignação.


Ignácio

2 comentários:

  1. Grande garoto! Que beleza! Contundente e lírico!
    Mais do que estar no caminho certo, vc está fazendo seu próprio caminho, e não há caminho mais certo que este. Vc tá mais que pronto.
    Um abraço e continue assim. Parabéns.

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  2. Ô amigo que me dá ORGULHO.....

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