segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Teus olhos me despiram, sem esforço.
Sem esforço algum tu me viste por completo, minha alma, meus segredos e medos...
Enxergou meu abismo, minha escuridão, meu mundo particular...
Tu me deste tuas canções, tuas angústias e tuas meninices regadas com lágrimas noturnas.
Eu te dei meus ouvidos, meu coração dolorido, mas te ofereci um sorriso verdadeiro, rasguei meus rótulos...
Eu nunca havia crido em almas aladas, em vidas entrelaçadas, em destino. Mas tudo isso me faz sentir ou precisar acreditar num enredo especial, numa trama épica, digna de contos do Montenegro ou da sofreguidão das interpretações da Elis...
E me diz o que é tudo isso! Fala-me, convença-me que estou num mundo paralelo...
O portal para tudo isso foi teu olhar, tenho certeza...
Ah foi, tenho certeza... (risos)
A chuva caía, os outros dormiam, as horas em velocidade medonha passavam... e nós aqui no chão, no tapete, atrás da porta (ê, Chico Buarque!!)... Fisicamente, nada, nada, nada...
Mas nossas almas, nós sabemos. Sabemos que elas conversavam, se abraçavam, como se dantes tivessem sido separadas numa cisão dolorosa e um milagre do Eterno, depois de séculos, tivesse trazido às tais a união perdida...
Quão bobamente choravam, sorriam, ao som das canções melodicamente preparadas para elas. Os compositores não sabem, mas eles comporam para elas, para aquele momento trivial, simples, porém mágico e puramente preparado por forças divinas.

Elas se encontraram, mas ambas tem vidas um tanto distantes, num mesmo mundo físico, separadas pela função tempo-espaço, mas sabem que num determinado momento, encontrar-se-ão novamente e tocar-se-ão limpidamente, como só as almas puras sabem e podem fazer. Sem treino e sem medos, apenas pelo dom divino, passado quando da criação.



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