sábado, 7 de maio de 2011

Sexta, 06 de maio de 2011

Achamos o corpo de meu pai na última quarta.
Após a procura que levou toda a noite de terça, entrou na madruga e se estendeu até a manhã de quarta, encontraram seu corpo no mesmo lugar muitas vezes me diverti no passado, nas minhas idas às escondidas (da mãe) ao açude próximo à casa do lugar chamado Bom Princípio, quando descobri o prazer de nadar e de sentir o perigo e adrenalina de sair sem ninguém saber pra onde se vai.
Ele foi ausente pelas circunstâncias que levaram a minha família dele a se romper. 
Cresci praticamente, buscando entender porquês, tendo inveja da casa de um amigo que guardo na memória até hoje. Tinha inveja dele porque ele tinha irmãos quase na sua idade, mãe e pai que eram carinhosos.
Com o tempo, senti solidão quando meus irmãos que são bem mais velhos que eu, que tiveram outra estrutura familiar, saíram de casa e fiquei com minha mãe, quando dos meus oito anos.
Tantos episódios, histórias, tardes, ares... Tive tendência a olhar os outros numa perspectiva maior. De perto da tela, tudo o que você lê aqui são pontinhos insignificantes, mas se distanciar uns centímetros entenderá o que está escrito e as imagens... A vida é assim também.
Na minha distância pude observar de meu ponto de vista, os outros. Sempre procurei ver algo mais nas pessoas, sempre pude encontrar coisas que nem mesmo imaginava na minha mente de criança. Acho que não fui uma criança inocente de sentimentos. Não sabia o significado deles e tampouco das sensações que as vezes os sentimentos me proporcionaram.
Enfim, fui e sou diferente, mas comum na mania de me achar diferente porque de fato, somos um universo em cada ser. Mas somos um em um todo.Tudo muito louco, mas real. Não somos tão distintos de nossos próximos, amigos, detestados, desconhecidos...
Mas não somos tão parecidos também...
Não amei meu pai como queria amar quando era criança, pois minha memória de dois anos de idade me é vaga, pouco me oferece além de sonhos que guardo na lembrança, na parece da memória, como diz a canção.
Não posso me dizer que não o amei, amei como meu coração aprendeu: ao dormir, criança, dizia pra Deus o proteger e abençoar, na tentativa de não esquecer que tinha um pai.
Quando tinha oito, nove anos, sei lá, ele veio até aqui, mas nem olhei muito do rosto dele apesar da conversa sem graça que tivemos, fiquei acanhado, bobo.
Não imaginaria que quase uma década a frente, ele voltaria a morar em casa e meu sonho bobo, guardado e escondido, de ter pai, seria realizado.
Não tive muita proximidade com ele, nos últimos anos. Mas abracei ele uma única vez, quando ele chegou, quando se reconciliou com minha mãe, uma reconciliação que não perdurou muito. Meu pai não foi como queria. 
Mais uma das coisas que não acontecem como queremos...
Sei que ele me amou e amou meus irmãos e mãe, da forma dele. 
Eu hoje, após ver ele sendo retirado da água, após as flores que deixamos na sepultura, sei que ele pode ter feito seu melhor. 

Mas enfim, tudo terminou no lugar “Bom Princípio”. Apesar das últimas dores, uma nova etapa se inicia. 
Eu o amei da minha forma. Talvez não como ele desejou. Mas o amei e sei que houve reciprocidade.
Amo. Eu amo. Amar soa ridículo para alguns. Mas se você que lê essas linhas e é meu colega, conhecido, irmão, sobrinho, amigo, saiba que todos nós temos um lugar nas lembranças de outros. Somos amados. As vezes não como queremos, mas somos. E no final, veremos que o que importou mesmo é que houve amor e amor não se conjuga no passado. A gente muda a forma de amar as pessoas que passam na dinâmica tão frenética dessa vidinha, mas a gente ama...
É isso... Meu pai agora será memória, mais uma vez. Agora eternamente.

3 comentários:

  1. VOU COPIAR AQUI O QUE POSTEI NO BLOG:


    Olá Assuntados...
    Ontem fiquei sabendo pela minha tia que uma pessoa da minha cidade, Martinópole, havia morrido afogado... (Ela viu em um noticiário local)
    Pela correira da vida, não dá para ligar pra casa todo dia e quando abri o blog de um amigo hoje, que a pouco apresentei a vocês como um colaborador do Assuntados, muito me entristeci em saber que essa pessoa se tratava de seu pai...
    Nesses momentos palavras são sempre insignificantes e pouco ajuda falar muito!
    Queria apenas dizer ao meu amigo Ignácio, amigo não sei desde quando, que não só agora, nesse momento de luto, mas sempre que precisar estaremos aqui, falo por mim e minha família que está mais próximo de você... Conta com agente e saiba que Deus sempre é nosso consolo!

    Forte abraço queridão e força!!


    Wilton Lima

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  2. Olá meus queridos irmãos; Graça e Paz.
    Ficamos felizes em conhecer mais um espaço que estará propagando a palavra de Deus em tempo e fora de Tempo. Como sempre tenho dito: Aprendendo uns com os outros crescemos na graça e no conhecimento.
    Aproveito esta oportunidade para compartilhar com os amados irmãos os nossos blogs
    Mensagem Edificante para Alma e Iec@blog. Ficaremos Felizes por vossa visita e mais ainda se seguir-nos.
    Deus vos abençoe ricamente
    Josiel Dias
    http://josiel-dias.blogspot.com
    http://iecaalcantara.blogspot.com

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