domingo, 9 de outubro de 2011

Até quando?


Assistindo alguns programas na televisão, minutos atrás, não tive como não me encher de um sentimento de incapacidade e impotência diante do fato de não podermos ou de não estarmos condicionados a fazer algo, a reagir.
Nada fazemos quando alguém desnorteado, bêbado e irresponsável provoca um acidente de carro. É só uma fatalidade, como sempre e corriqueiramente acontece...
Nada quando rios de dinheiro público (nosso dinheiro tão suado) são desviados para fins não públicos, mas pessoais e o pior, por aqueles que pomos como nossos representantes e a quem concedemos poder.
Nada quando nossas florestas são invadidas por fazendeiros, madeireiros e garimpeiros, quando o fogo as consome e nossos índios são mortos quando submetidos a vírus do homem, do pobre homem que sob a ganância dos soberbos e ricos rumam uma trajetória triste, muitas vezes escrava e que envergonha nosso país no seio da terra ou em acampamentos rudimentares.
Nada quando milhares de quilômetros de matas são ameaçados pela necessidade de energia que o Brasil precisa para crescer. Mesmo quando pomos em risco a biodiversidade e povos locais. O que falar de Belo Monte? Um monte de mentiras?
Nada quando alteram as dezenas de PLs de um código florestal que não assegura continuidade à proteção já tão imperceptível.
Nada, nada fazemos.
Nada fazemos quando vemos propagandas pouco confiáveis revelando que a Educação deu um salto nos últimos anos e testemunhamos o fracasso e escassez de mão de obra em nossos postos de trabalho; quando os professores são confundidos com salteadores, até por necessidade para ver se alguém olha e diz: “Puxa, eles merecem sim um aumento de salário, merecem respeito!”. Mas isso só depois de confronto, de sangue. Quem vai esquecer dos últimos dias de greve dos professores estaduais do Ceará? Poucos lembrarão ano que vem!
Nada fazemos quando estamos em algum terminal e mesmo sob o estresse daquela aglomeração das “latas de sardinha” (os ônibus), surge alguma mãe com uma criança pendurada nos peitos moles sugando o que resta de leite. No máximo nos compadecemos e damos poucos centavos, enquanto na TV e mídias em geral os governos querem criar uma realidade boba de “está tudo bem”.
Nada fazemos quando vemos a morte nas filas de espera nos hospitais sucateados e de profissionais mal remunerados.
Nada fazemos até vivenciarmos o caos e descobrimos a triste tônica desta vida: existem aqueles que montam e aqueles que são montados.
Até em que ponto nos deixamos montar? Até em que momento vamos fingir que está tudo calmo?
Resposta: até o momento em que de fato formos direta e pessoalmente afetados.
Temos muito a aprender. Muito a empreender. Mas enquanto não nos focarmos em sermos melhores humanos, em nada obteremos êxito. Todos os esforços serão nulos.
Ativistas australianos acima, na primeira figura. Na segunda, brasileiros.

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