sábado, 19 de junho de 2010

Palavras quase ditas

Não Dona Maria, não vou fazer o que achas que devo fazer.
Que culpa tenho eu se não nasci com esse mesmo conformismo ou como preferem chamar, "juízo"?
Não tenho essa paciência de aceitar a mediocridade, a crueza de coração. 
Eu gosto de poesia, de palavras novas, sentir o que eles sentiram quando marcaram o papel.
Não quero esse ímpeto de viver por viver. 
Eu quero mais. Mais de mim mesmo, menos dessa forma cansativa e forjada que inventaram de se passar pela vida: mesmas canções, mesmas vestes, mesmas frases, mesmas máscaras...
Não, eu não agüento! Não desejo ser mais um tijolo na parede, não quero, repudio essa concepção, essa aceitação.

E daí se eu posso ver no Che tanto o herói como o carniceiro?
E daí se eu também vejo o criminoso como a vítima de si mesmo?
E o que vais fazer se eu não consigo ficar no mesmo lugar onde tem forró tocando? Meu Deus, esse tal Dejavu é um pecado contra a palavra música! (Não vou comentar o Rebolation. É muita cultura pra mim...)
Eu tenho culpa se meus ouvidos preferem o Villa lobos, o Chico e Elis?
Eu tenho culpa Chiavenato, se eu prefiro os poemas do Neruda?
Eu não vou ser como tu queres! Repito?
“Tá” bem: Eu não vou ser!

Não vou pôr bandeirinhas verde-amarelas na rua com vocês, não vou! Todo mundo virou crítico de futebol agora? Não bastam os programinhas esportivos, ou melhor, “futebolescos" que se aglomeram em todos os canais? Não basta no Twitter o #CALA A BOCA GALVAO? Ainda tem o Milton Neves que de tão chato ganhou minha audiência umas duas noites seguidas...


E por que, explique-me minha prezada, se você sabe que não sou fã de refrigerante, enche um copinho para mim? Eu não vou bancar o educado. Eu não vou beber!
E por que você quer sair do emprego se você não vai encontrar nada, já que não sabes ser útil? Eu tenho culpa se você está embriagada e mergulhada na sua infelicidade?

Não vou ouvir você, minha vizinha, ou melhor sua TV gritando um troço funk altíssimo em plena 00:00 horas. Também não vou ouvir seus três cães vira latas durante toda a madrugada num latido quase erudito, escalonado, ensaiado e proposital: de meia em meia hora exprimem toda a loucura absorvida de vossa senhoria. Tenha dó dessas criaturas! Livre os coitados de sua filha irritante. Eles estão estressados com a presença dela.
E por favor, amorzinho, tira esse CD dos Beatles!... Eu gosto deles, mas to com os poucos neurônios que me restam cansados. Só é isso! Eu sei que você é uma moça fora do convencional... Mas não me fale de seu professor de educação física...

Sim, Sra. Francisca, NIS tal e CPF tal, o que sucedeu foi um problema no meu software, por isso seus “papéis” ainda não deram certos. Mas é questão de tempo, não se preocupe... Tenha uma boa tarde!
Não Professor, não me venha falar essa palavra pela enésima vez... Você só conhece essa? É parâmetro pra cá e pra lá... Parâmetros dão lucros, insumos, são as despesas... Ah, sim! O feedback, os ativos, o CMV...
Tá certo mãe, já vou dormir, sei que tá tarde!...


Ignácio



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